quarta-feira, 6 de junho de 2018

O GALO - POR JOSÉ ERASMO TOSTES



Estava velando o corpo de meu pai em nossa própria residência (naquela época não havia capela mortuária) e lá pelas tantas da noite, chega o Napoleão Pedreiro. Napoleão era um mulato de pele manchada de branco pelo vitiligo, mentiroso por natureza e contador de anedotas em todos os velórios.

Estava ele na parte de fora da casa, cercado por outras pessoas, quando eu ouvi o que contava. Dizia que o seu amigo Manoel Baú, como era apelidado, casado com uma mulher analfabeta de pai e mãe, estava com uma prisão de ventre danada, há 20 dias sem ir ao mato. Mandou a mulher vir na cidade buscar um remédio na farmácia do Sr. Scilio, farmacêutico dos mais afamados na região, do qual todos tinham confiança em sua receita.

Lá chegando, o Scilio receitou um purgante para tomar às quatro da manhã. A mulher então disse que em sua casa não tinha relógio, mas o galo cantava todos os dias às quatro horas. Então o Scilio disse: “Quando o galo cantar, você dá todo esse purgante”.

Passado alguns dias, a mulher voltou à farmácia, e o Scilio perguntou se o Manoel tinha sarado, ela então respondeu: “Ele não está muito bom não, mas o galo teve uma caganeira danada que botou até as tripas pra fora”.

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