terça-feira, 29 de maio de 2018

O BILHETE - POR JOSÉ ERASMO TOSTES


Alfredo Roças era vendedor de bilhetes de loteria, usava sempre paletó, um guarda-sol já branco de tanto uso, um relógio de pulso amarelado que exibia a todo o momento. Tinha um olho vazado e para enxergar, levava o bilhete na altura do nariz.

Alfredo vendera um bilhete para o Anastácio, que vinha sempre no sítio todos os sábados. Anastácio estava com a tropa de burros carregada de mercadorias, pronta para partir. Alfredo avisou: cuidado para não rasgar e não molhar o bilhete, porque se ganhar não recebe.

Anastácio, chegando em casa, lembrou da advertência do Alfredo. Pegou o grude e passou nas costas do bilhete, e pregou-o atrás da porta. Passado os dias, voltou à Miracema e soube pelo Alfredo que o bilhete que havia comprado tinha sido premiado.


Ao começar a descolar o bilhete, o mesmo começou a rasgar. Como resolver o problema? Alguns dias depois, chega Anastácio em Miracema, na casa lotérica do Neném Amaral, com a porta nas costas, onde pregara o bilhete, para receber o prêmio.


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