Nas décadas de 20 e 30 o uso do chapéu era generalizado,
quase todos os homens usavam. A Casa Marcellino, que ficava na praça que hoje
tem o seu nome, a Casa Cacheado, onde até há pouco tempo ficava o bar da
Gracinha, a Casa Aguiar, na esquina da Rua Deodato Linhares eram os vendedores
de chapéu, que naquela época tinha muita saída. As marcas eram Ramenzoni,
Prado, Cury e Mangueira, que vinham em caixas de papelão em formato circular. A
numeração seguia a seguinte ordem: 3, 3 ½, 4, 4 ½ e 5.
Podemos ver nesses filmes antigos que quase todos os personagens usavam chapéu. No filme Casa Blanca, Hunfer Bogar está sempre de chapéu, entre muitos outros filmes e artistas como Dick Trace, Johon Wayne; todos os mocinhos sempre lutavam de chapéu, e eles nunca caiam da cabeça.
Nas fotografias antigas podemos constatar que a maioria dos homens usava chapéu, assim também como as mulheres, que tinham vários modelos e desfilavam no Jokey Club do Rio de Janeiro. Havia também o famoso chapéu panamá e o palhinha. Hoje em dia vemos uns que são feitos de schantung, de pano, de palha, outros com aba curta, tipo Indiana Jones e de boiadeiro.
Em Miracema víamos sempre de chapéu o Jair Polca, o Ariosto, que até apelidaram de Santos Dumont, o Arlindo Azevedo, o Leninho e o Dengo, este para tapar a careca.
Havia diversos barbeiros naquela época (só usavam navalha). Timóteo, um negro que carregava uma valise igual à dos médicos, João Caetano, Tõezinho, Zé Lucas, Jeová, que tinha uma barbearia em frente ao Hotel Braga, onde trabalhava o Wantuil. Netinho, onde hoje é a Miramóveis, onde trabalhavam o Geraldo Lasqueta e o Geraldo Belote. Na barbearia do Gérson trabalhavam o Ely, Edil, Rui, Adail Carangola e o Eloy. Em frente à igreja o Oziel e na Rua Padilha o José Maria, que morreu de desastre. Um barbeiro que não recordo o nome, disse certa vez que tinha visto um disco voador. Começaram a dizer que ele era doido. No dia seguinte desapareceu e nunca mais soubemos notícias.
Alfeu Abrantes possuía um canário belga e quando o canário
começava a cantar ele parava de fazer a barba do freguês, tocava violão e
cantava. Na Rua Deodato Linhares, um outro que se chamava Severo (este nome era
por ser muito severo com tudo). O freguês sentava na cadeira e ele não dava
conversa, pegava a cabeça do freguês com força e virava para um lado e para o
outro. Perto da sua barbearia o Murilo Rocha possuía uma estrebaria, onde é
hoje a marcenaria do Amim Amim. Como era perto, o Murilo ia a sua barbearia e
deixava o seu chapéu Ramenzoni de cor marrom, era todo peludo, dizia que era
para marcar o lugar. O Severo foi fazendo a barba do freguês e não respeitou as
exigências do Murilo. Chega o Murilo e diz: “estando aí o meu chapéu, é como se
eu estivesse”. Passam-se os dias e volta o Murilo marcando o seu lugar
novamente com o chapéu, e saiu. Ao voltar, constatou que o Severo pôs o seu
chapéu peludo na cadeira, meteu a navalha e pelou todo ele. Diz o Severo: “Você
não estava, fiz a barba do chapéu”.
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