Napoleão era pedreiro e mentiroso de nascença, gostava de frequentar
velórios somente para contar anedotas que às vezes até o defunto achava graça. Era
um mulato de pele manchada pelo vitiligo, cabelos grisalhos, analfabeto que
fingia ler o jornal em voz alta com sua pronúncia nordestina, inventando as
mentiras mais descabidas.
Fazia dos seus sapatos chinelos, cortando as partes traseiras. Batininha era seu irmão. Os dois foram fazer um muro para a dona Luzia Cava, uma italiana, e, ao terminarem o muro, Napoleão foi receber pelo serviço. Batininha ficou segurando o muro enquanto Napoleão recebia. Após o recebimento, antes de o galo cantar, o muro já havia caído.
Num desses velórios ele contou que foi pescar na Lagoa Preta, na fazenda do Zé Dono, onde dava muita traíra. Lá ficando horas e mais horas, sem nada pescar, resolveu fazer uma promessa: vou pegar duas traíras, uma para o Sr. Marcellino e outra para o Sr. José de Assis, os dois homens mais ricos da cidade naquela época.
Foi só botar o anzol na água e em poucos minutos pegou duas traíras daquelas bem grandes. Pegou as duas, botou dentro de bornal amarrando bem a boca. Olhou para a lagoa e, cruzando os braços deu uma banana: aqui para você sua puxa-saco, que vou dar os peixes nada!
Napoleão contava que, fazendo uma viagem pela estrada de ferro, veio sentar ao seu lado uma linda morena, cruzando as pernas, deixando aparecer as coxas grossas e rosadas. Ele, não resistindo a tentação, leva a mão devagarzinho para acariciar aquelas pernas, quando de repente a moça sacou uma Bíblia e começou a ler em voz alta o versículo dois, capítulo 23. Rapidamente, retirou a mão e saiu do banco em que estava indo sentar em outro lugar. Ao chegar em casa foi verificar o versículo dois, capítulo 23. E teve uma grande surpresa. Dizia: mais em cima entrará no Paraíso.
Em outro dia, acendeu um cigarro em volta de um caixão e continuou contando que, em certa ocasião, nossa cidade estava muito ruim de serviço. Resolveu sair à procura de emprego. Ia de um lugar para outro e nada, até que chegou a uma fazenda. O fazendeiro disse: o serviço que eu tenho é para amansar animais. Ele nunca tinha montado antes, mas resolveu, por força da necessidade, aceitar o emprego.
O fazendeiro, em seguida, mandou que ele e outros peões fossem buscar o touro chamado Corisco, o mais bravo da propriedade, que havia fugido. E lá foi Napoleão pegar um cavalo vermelho que foi logo murchando as orelhas. Foi pegar outro que foi logo dando coices. Até que viu um burrinho velho e resolveu montar no tal. Atravessou logo uma capoeira e viu o danado do boi bravo. É hoje que estou ferrado, disse para os seus botões. Jogou o laço e pegou o danado do boi, mas o laço estava amarrado na argola da sela e o boi saiu arrastando-o e esfregando o burrinho velho na cerca. Então começou a sentir uma coisa na barriga, as tripas se revolvendo. Daí a pouco desceu o barro e sujou toda a roupa. No mesmo instante chegaram outros peões e sentiram um cheiro danado vindo de cima da sela e começaram a rir. Ele olhou para eles e disse: Eu não sou igual a vocês que param para cagar quando estão pegando um boi.
E, desse dia em diante, passou a ser chamado de Peão Cagão.
Meu querido e saudoso pai contava "estórias" do Napoleão quando eu era ainda criança, e sempre enfatizava que ele o rei da mentira, um determinado dia eu estava de férias escolares, pois morava no Rio de Janeiro, sentado no banco do jardim quando um amigo que estava ao meu lado, falou-me... Você quer conhecer o Napoleão, eu disse sim e ele apontou-me um senhor que vinha em nossa direção, esse meu amigo, pediu que ele contasse uma mentira para todos os demais meninos que estavam comigo, foi quando ele meio que apressado, disse: agora não posso não, pois mataram um amigo meu lá na rodoviária e eu estou indo para lá. Era um dia de muito calor e sol, e nós, acreditamos nele, e lá fomos nós para ver o ocorrido, lá chegando, observamos não havia nada demais naquele local, e esse amigo meu, perguntou: Napoleão cade o seu amigo que morreu, e ele de pronto, respondeu: Ué, vocês não pediram para que eu contasse uma mentira, pois é eu contei.
ResponderExcluirBoa. rsrs
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