Quis o destino que Mazarópi (27/01/1953) e Cantareli (26/09/1953), nascidos na cidade mineira de Além Paraíba, que faz divisa com o estado do Rio, ambos no ano de 1953, seguissem o mesmo esporte – o futebol; a mesma posição – goleiro; a mesma cidade – Rio de Janeiro; para defender as cores de dois rivais – Vasco e Flamengo, respectivamente. Mazarópi jogava na equipe amadora do Esporte Clube São José. Cantareli, à mesma época jogava no Esporte Clube Santa Maria, equipes amadoras de Além Paraíba.
As coincidências não param por aí, pois, ambos foram vencedores e conquistaram títulos importantes ao longo de suas carreiras. Para sacramentar a
trajetória, os dois são campeões da Taça Libertadores da América e do Mundial
Interclubes. O Náutico foi outro time que ambos defenderam.
MAZARÓPI – Geraldo Pereira de Matos Filho – Sempre quis ser goleiro, desde os
tempos de garoto, em Além Paraíba. Foi lá que começou a jogar, até ser trazido
para os juvenis do Vasco, em janeiro de 1970, por intermédio de um tio que o
apresentou ao técnico do juvenil – Célio de Souza. Depois de ficar dois anos na
reserva do time juvenil, recebeu um convite do Botafogo e só não saiu pela
pronta intervenção de seu pai.
Apesar de baixinho, era extremamente ágil, sempre mostrou muita
regularidade debaixo das traves, além de ter defendido vários pênaltis durante
a sua carreira. Quando de sua chegada ao Vasco, encontrou no goleiro Andrada –
à época titular – um orientador com quem aprendeu muito da difícil e ingrata
posição de goleiro.
Maracanã lotado, silêncio total. O jogo em questão é Flamengo x Vasco,
decisão por pênaltis. O jogador Tita
prepara-se para bater. Embaixo das traves, Mazarópi, imóvel, com os olhos
cravados na bola. O chute saiu fraco, mas colocado, só que no caminho das redes
estava o goleiro vascaíno, salvando o gol. A torcida explode com a defesa que assegura o
título de campeão carioca de 1977, e grita em coro o nome daquele jovem
goleiro, de 24 anos. Mazarópi detém o
recorde – entre 1977 e 1978 – defendendo o time carioca, de ficar 1.816 minutos
sem levar gols.
Teve bons momentos defendendo o Vasco e, principalmente, o Grêmio, onde
marcou época e ganhou muitos títulos.
Atuou no Vasco – 1974/78, 1980/83 e 84 (campeão carioca em 1977 e 1982); Coritiba
– 1979; Grêmio – 1983, 1984/90 (hexacampeão gaúcho em 1985/86/87/88/89/90, da
Copa do Brasil em 1989, e da Libertadores e do Mundial em 1983); Náutico – 1984 (campeão
pernambucano); Figueirense – 1991 e Guarany (RS), onde encerrou a carreira em
1992. Mazarópi ganhou esse apelido
assim que chegou ao Vasco, nome de um humorista famoso na época. Ele defendeu o
Vasco em 407 jogos.
CANTARELI – Antônio Luís Cantareli – Garoto ainda, aos 16 anos, deixou sua Além
Paraíba para tentar a sorte no Botafogo. Poucos treinos foram suficientes para
que os responsáveis chegassem à conclusão de que Cantareli era muito gordo
para a posição. Foi dispensado e retornou à cidade natal
sem perder as esperanças de seguir na carreira.
Mineiro, um olheiro do Flamengo entra na vida do goleiro para que o sonho
do garoto se tornasse realidade. Ele soube da dispensa do Botafogo e, de imediato,
procurou saber detalhes de onde encontrar o rapaz. Indagando com muito cuidado, descobriu que ele
era de Além Paraíba. Quando isso ocorreu, já corria o ano de 1970. Mandou-se
para cidade mineira e, na volta, trazia Cantareli – para o Flamengo. Começava assim a sua história no time
rubro-negro.
Foi bicampeão juvenil em 1972/73. Outro protetor apareceu na vida do
garoto – Ubirajara – também goleiro, então reserva de Renato no time principal.
Resolveu tomar aos seus cuidados o arqueiro que estava sempre disposto a
treinar mais um pouco e, mais que isso, a aprender tudo que pudesse. Sem medo
de errar, mas sempre disposto a tentar de novo até acertar.
Seguro e eficiente nas bolas cruzadas sobre a área, mesmo não sendo
sempre titular, participou da fase áurea do Flamengo do final dos anos 1970 e
início dos anos 1980. Jogou no Flamengo (campeão carioca em
1974, 1978/79/79-especia, 1981 e 1986, brasileiro em 1980, 1982/83 e 1987, e da Libertadores
e do Mundial em 1981), e no Náutico, em um breve período, por empréstimo, em
1983. É o goleiro que mais vestiu a camisa do time rubro-negro – 557 jogos e
404 gols sofridos – com 347 vitórias, 131 empates e 79 derrotas. Sua estréia no
profissional ocorreu em 30/06/1973, e o último jogo, em 06/02/1990.

Geraldo "Mazzaropi" jogava na Equipe amadora Esporte Clube São José, em Além Paraíba. Cantarelli, à mesma época jogava no E.C. Santa Maria, também Equipe amadora de Além Paraíba. Estes atletas tinham seus registros na Liga de Desportos de Além Paraíba-LDAP-. Caro Tadeu, pesquise sobre esta "dicas" junto à LDAP, para que o histórico desses dois conterrâneos fique completo. Ah! naquele mesmo período foi para o Vasco (se a memória não falha) um outro atleta Marcelo Balbi, zagueiro. Será que vc tem alguma matéria sobre ele?
ResponderExcluirNão tenho nada sobre o Marcelo, apesar de saber que ele também é de Além Paraíba. Obrigado pelas informações!
ExcluirCaro Tadeu. Parabéns pela matéria. Muito bem feita, pesquisada. Sou Sergio Luiz, jornalista e radialista em Volta Redonda. Também mineiro de Além Paraíba e responsável pela página no face: Além No Aço - Onde os Alemparaibanos se Encontram. Sugiro, se interessar, alguns detalhes sobre a vida desses goleiros extraordinários, pois fiz parte desta geração. Em 1969 jogava no juvenil do Independente, rival de São José de Mazaroppi e do Santa Maria de Cantarelli e Marcelo Balbi zagueiro. Fazíamos parte, Cantarelli, Marcelo e da seleção juvenil que enfrentou o time campeão, o São José, perdemos por 3 a 1, pois eles tinham um timaço e entrosado. O olheiro Mineiro, que também era massagista do Botafogo, alémparaibano também, assistiu ao jogo e nos convidou, junto com o Cantarelli e um atacante muito bom, Welber, que jogava com Cantarelli no Santa Maria, para fazer testes no Botafogo. Porém, mudou de idéia e como estava se transferindo para o Flamengo, resolveu mudar nosso rumo para a Gávea. Ao final de um mês, depois da avaliação feita pelo técnico Jouber, fomos dispensados,eu e Welber, pois haviam muitos jogadores para as nossas posições. Nascemos em época errada. Afinal, tínhamos pela frente, Wanderley Luxemburgo, Mozer, Aloísio, Zico que subirá do infantil para o juvenil, na época não havia Juniores, que formariam depois um dos maiores times que Flamengo já teve. Depois de toda essa ladainha, vou contar rapidamente detalhes do dois goleiros.
ResponderExcluirCANTARELI
Realmente ele esteve fazendo testes no Botafogo. Não tenho essa informação de que tenha sido dispensado porque era gordo. pelo contrário, sempre foi magro e alto. Maior de todos os moleques. O que sei é que o teste foi no meio do ano e que deveria voltar no inicio de 1970. Daí foi que o Mineiro o levou para o Flamengo. Curioso é que o apelido dele era Dudu, cujo o técnico Jouber não gostou Csnte disse: "Dudu não é nome de goleiro. O seu nome de guerra será CANTARELLI". O resto da história você brilhante. Cantarelli mora no Rio de Janeiro. Acompanhou seu amigo particular, Zico pelo mundo a fora como treinador de goleiros.
MAZAROPI
Quando era garoto, tinha o apelido de Dadão e por ser alto, jogava como zagueiro no nosso time de garotos chamado Palmeirinhas, tínhamos 12 ou 13 anos e disputávamos um futebol num areal próximo a residência dele em Além Paraíba. Mas o curioso é que certa vez, dona Néia, sua mãe, chamou todo o time e disse: "O Geraldinho não pode jogar na linha, porque de noite ele passa mal. Se quiserem que ele brinque, tem que ser no gol. Eu é que sei o que o passo a noite". Dona Néia, mal sabia que estava definindo o futuro de um dos maiores goleiros do futebol brasileiro. Até hoje, não sei qual o mal que o afetava, nem ele se lembra. Maza sofreu muito quando foi acusado injustamente, na Máfia da Loteria, de ter falhado num jogo contra o Bahia, em pleno Maracanã, quando tomou um gol de Alberto Leguelé, do meio da rua. Uma covardia, haja vista que o jogo nem fazia parte da loteira esportiva.
O que aconteceu é que neste dia, sua mãe estava internada, com Leucemia e estava em fase terminal. Maza estava muito abalado e não deveria nem ter jogado. Logo depois, no dia 7 de setembro, ela faleceu. Eramos amigos de infância e fiz questão de ir ao sepultamento de dona Néia em Além Paraíba. Mazaropi não acompanhou o enterro, pois estava em estado de choque e não conseguiu levantar-se da cama. Naquele jogo em 1983, quando pegou o pênalti cobrado pelo Tita, conquistando título carioca, Maza ao final, pegou a bola e de joelhos, foi par dentro do gol e levantou-a para o céu e ofereceu a sua mãe. Foi emocionante para todos que viram a cena. Hoje ele mora em Sapucaia do Sul com a mulher Nádia e os filhos Marcos e Daniel. É comentarista esportivo numa rádio local. Amigo acredito possa ter colaborado com a sua matéria. Se precisar meu email é sergio@programadariodepaula.com.br. Abração.
Sergio Luiz
Obrigado pelo carinho e por essas informações que tanto enriquece a história do futebol.
ExcluirDesculpe alguns erros. Inclusive posso ter errado em algumas datas. A idade já não ajuda mais. Abração. Esqueci de falar sobre o Marcelo Balbo. Era um zagueiro vigoroso que chegou no Vasco junto com o Mazaropi. Foi titular no juvenil do Vasco num timaço que tinha Gaúcho, Pastoril, Roberto Dinamite, Fumanchu etc.. Jogou poucas vezes no time profissional do Bahia. Teve sérias contusões nos joelhos. Encerrou a carreira muito cedo. Formou-se em direito. Marcelo vive um momento muito difícil saúde. Mora em Niterói RJ é assistido pela sua filha.
Excluireles era amigos? rivais? faltou essa pimentinha na matéria
ResponderExcluirRivais apenas dentro de campo. rsrs
ExcluirParabéns pela reportagem
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