segunda-feira, 20 de agosto de 2018

SÓCRATES: O DOUTOR DA BOLA


Por sua visão de jogo, habilidade e inteligência dentro de campo, Sócrates pode figurar tranquilamente no concorrido time dos melhores meio-campistas que o Brasil já teve. Assim como a marca de Leônidas da Silva era a bicicleta, a de Sócrates era o toque de calcanhar. Foram muitos desde o início da carreira, no Botafogo de Ribeirão Preto (SP), em 1973. Até os 24 anos o talento de Sócrates esteve restrito ao time do interior paulista, algo impensável atualmente. Sócrates brilhou em uma época em que talento era mais importante que preparação física. Pode-se dizer que ele foi um “jogador de futebol”, e não um “atleta”.  

Suas qualidades logo foram percebidas por um time grande da capital, sendo contratado pelo Corinthians em 1978.  Já no ano seguinte foi campeão paulista e passou a jogar também pela seleção. Polêmico, nunca escondeu que gostava de tomar umas cervejas. Foi com essa filosofia de mais liberdade dos jogadores, dentro e fora de campo, que se tornou um dos líderes da chamada “Democracia Corinthiana”. 

O clube foi bicampeão paulista em 1982/83 e Sócrates foi jogar a Copa da Espanha, em 1982. Um dos principais jogadores de uma geração de talentos que não conseguiu ser campeão do mundo, nem em sua segunda tentativa, no México em 1986, quando já não era mais o mesmo.   

Contratado pelo futebol italiano – para jogar na Fiorentina –, não se deu muito bem por lá e jogou só uma temporada (1984/85), voltando antes do término do contrato. Retornou ao Brasil e jogou ainda pelo Flamengo, Santos e Botafogo – onde iniciou a carreira – para encerrar definitivamente o seu ciclo de jogador, realizando sete partidas e marcando um gol, em 1989. Seu físico, que nunca foi exatamente o de um atleta, já não respondia aos comandos de seu cérebro genial com a mesma eficiência. Em 1986, atuou em uma única partida na conquista do título carioca pelo Flamengo.   

Após abandonar o futebol, e com um diploma de médico de antes do início da carreira, ele voltou ao seu consultório como o Dr. Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Sobre o diploma de médico, ele não o ajudou a encontrar uma receita para ser campeão do mundo. No entanto, o "Doutor" encantou plateias com seu domínio de bola, chutes, passes, lançamentos perfeitos e o calcanhar, sua marca registrada. 

Os problemas de saúde foram se complicando e o alcoolismo, admitido por ele, foi minando aos poucos com sua vida até levá-lo à morte, devido a uma hemorragia digestiva, em 4 de dezembro de 2011, na capital paulista. O seu corpo foi enterrado na cidade de Ribeirão Preto. Nascido em Belém (PA), em 19 de fevereiro de 1954,  o “Doutor” morreu novo, aos 57 anos. Casou-se quatro vezes e teve seis filhos.

Números da carreira:
Botafogo (SP) – 269 jogos e 101 gols
Corinthians – 297 jogos e 172 gols
Fiorentina/Itália – 33 jogos e 9 gols
Flamengo – 20 jogos e 5 gols
Santos – 23 jogos e 7 gols
Seleção Brasileira – 63 jogos e 24 gols, sendo 60 oficiais com 21 gols

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